Longe da sua aldeia, Alexandre corta os mares do Equador. Os seus pensamentos sobrevoam os mares trópicos e chegam à Península Ibérica em velocidade superior a milhões de milhas por segundo. Na angústia e na saudade daquela que deixou na sua aldeia, ele recorda as suas palavras: "Não, Alexandre! Quero dizer que nunca namorei, nem penso nisso! Nem penso nisso! Sou ainda muito nova. Não penso nisso." Uma voz que ele a princípio não reconhece chega-lhe aos ouvidos.
__ Alexandre, que fazes ai?
__ Nada! Apenas vejo o mar. As suas ondas dão-me forças.
__ Não me digas, rapaz? Então as ondas dão-te forças? Olha, a mim tiram-me as forças e se nos descuidamos com elas, até nos tiram a vida __ acrescenta o velho mestre de convés, homem já maduro e grande leão dos mares.
Quando o homem se afasta, Alexandre olha de novo o mar. E parece-lhe ver ao longe, numa onda, um cavalo branco montado por uma rapariga de vestido cor-de-rosa. Ele alheio à realidade exclama: Isabella, meu amor estou aqui! Olha, aqui! A pouco e pouco a onda cavalgante se aproxima do casco do navio, onde rebenta e espalha sobre outras ondas a sua espuma de um branco imaculado.
Alexandre desperta para a realidade e ao mesmo tempo corre para o seu camarote. Pega numa caneta, num papel e começa a escrever uma carta. Quando acaba de escrever a carta amarrota-a nas suas mãos com tanta força e, dum despedaçado desespero manda-a ao mar pela vigia. Ao cair no mar o pedaço de papel parece uma pomba branca. Alexandre debruçado na vigia olha-o. E quando o deixa de ver volta de novo a escrever no bloco de cartas.
Neste mar, onde me vejo
Mar largo sem ter fundo
Sinto a saudade do teu beijo
E nele amor, eu me afundo.
Amor querido, como te vejo
Nas ondas soltas cavalgares
Será que essa visão que vejo
É amor, por tanto me amares?
Se me amas oh que ventura!
Grande força do meu ser
Que à distância te vai ver!
Oh distância oh amargura!
Que tanto me fazes penar...
Será que eu nasci, para te amar?
Sentado à secretária Alexandre é interrompido por um dos seus colegas que lhe diz:
__ Alexandre a campainha já tocou para o jantar. Vens?
__ Sim vou já. Estou só a acabar de escrever.
__ Estás a escrever à tua moça?
__ Não.
Foram jantar. Quando voltou do jantar Alexandre escreveu de novo, mas desta vez num outro bloco de cartas.
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A JUVENTUDE DE ISABELLA
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- CAPÍTULO VI - O PEDIDO - ANO DA NEVE 1954
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- CAPÍTULO VII - A PRECIPITADA IDEIA
- CAPÍTULO VIII - A DERRADEIRA DECISÃO
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- CAPÍTULO IX - O ÚLTIMO ADEUS
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- CAPÍTULO X - O FÚNEBRE
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- CAPÍTULO XI - A NOTÍCIA
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- CAPÍTULO XII - A INJUSTIÇA
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- CAPÍTULO XIII - O INTRUSO
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- CAPÍTULO XIV - A PARTIDA
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- CAPÍTULO - DA AMIZADE, NASCEU O AMOR
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- CAPÍTULO XVI - O SONHO
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- CAPÍTULO XVII - A ÚLTIMA DECISÃO
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- CAPÍTULO XlX - A DECLARAÇÃO
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Acerca de mim
- ISA
- Tenho bom coração, bom carácter, gosto da humanidade em geral, gosto de crianças... diversão: gosto de ler, de escrever, conviver, gostava de ter amigos verdadeiros, como divorciada não gostava de envelhecer sozinha, estou em casa sempre que não trabalho... e gostava de ser mais feliz... encontrar alguém para amar e fugirmos à monotonia.
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