Ao cair da noite, lá no fundo da propriedade da Quinta das Rosas numa casa que outrora era habitada pela alegria e felicidade vivia agora a tragédia que jamais circundou aquela família. Já roucos pelo prolongamento ouviam-se ao longe gritos da vizinhança. Os cães ladravam e uivavam como que acabrunhados por uma angústia. Os pássaros que costumavam cantar à noite fizeram greve. A lua estava brilhante como sempre, mas todavia os reflexos do seu brilho eram sem cor, sem luz, sem vida. Como sem vida era também o reflexo do brilho dos olhos da mulher que olhava o céu, num pensamento: "Oh meu Deus, como foste capaz de consentir que Maria José sofresse tanto? Meu Deus, porque não a ajudas-te? Porquê?" Estava no seu pensamento quando o marido a chama baixinho junto a ela:
__ Isabel queres ir ver a tua neta? Eu gostava de ir, mas não posso encarar aquele homem, aquele malvado. Tu vai. Eu fico com a Judite para no caso de ela acordar e precisar de mim.
__ Sim, José. Eu vou ver a nossa neta que se matou pelas torturas que o pai lhe deu. Todos nós fomos bons para ela, mas nada fizemos para que ela se sentisse feliz. Esta é a minha grande dor. Ah! Se eu soubesse que ela sofria tanto ao ponte de se matar tinha sido diferente. E tudo isto foi por causa da doença da Judite. Todos nós, sabes?! Só pensamos na nossa filha e no bebé.
__ Então mulher não chores. E não te estejas a culpar pelo que aconteceu. Olha minha querida esposa se o nosso genro tratasse da filha dele como nós tratamos da nossa filha e, que é ele que tem obrigações porque está casado com ela, nada disto tinha acontecido, mas não, ele só quero é que trabalhem para ele. E a recompensa é esta. Mas deixa... desta vez ele vai pagar na cadeia. Mas olha é já tarde e tens de ver também as outras crianças. Coragem minha querida esposa e, não digas nada a esse homem. Eu trato dele depois. E não deves ir só, leva contigo a tua irmã.
A mulher sentiu a coragem faltar-lhe. E tinha também receio que Isabella voltasse a desmaiar junto do corpo da irmã. Mas tinha de a levar consigo, pois tinha prometido à neta que a levaria a ver a irmã. Nada quis dizer ao marido para que ele não discordasse do que ela havia prometido à neta, mas sentia agora receio pelo que viesse a acontecer . E ela, só ela seria responsável.
Sem comentários:
Enviar um comentário