domingo, 22 de março de 2009

CAPÍTULO XI - A NOTÍCIA

No alto mar a noite estava escaldante e o mar calmo. A traineira "Bom Caminho" flutuava ao sabor das ondas. Ondas que brilhavam ao luar de Agosto. Os seus tripulantes mandavam ao mar as redes que, cujos peixes nelas se baralhavam e eram puxados para bordo. Assim, de lance em lance, o porão ficara cheio de peixe e a traineira "Bom Caminho" voltara ou cais de Sines para a esvaziar.
Joaquim Elias ao contrário dos seus companheiros de trabalho, depois da caldeirada fica a bordo. Pensativo vai para o seu beliche. Não ficara só, pois seu pensamento em Maria José encheu completamente o seu espírito. Tanto assim que não sente chegar junto dele o mestre, muito amigo, António Capinha que lhe entrega uma carta dizendo:
__ Joaquim, olha, ela escreveu. Vá! Pega lê a carta... vais ver como eu tinha razão. Ela não veio porque não pôde vir... talvez por causa da madrasta estar doente.
Joaquim mudou logo a sua expressão triste e pegou na carta que o mestre lhe estendia. Num repente abre-a e começa a lê-la. A sua expressão voltou a mudar. O mestre ao olhar o seu rosto pergunta:
__ Então, a carta trás más notícias?
O rapaz não respondeu. Levantou-se do beliche onde estava sentado e caiu nos braços do homem que tem sido um pai para ele. Ambos se abraçam em silêncio. Só que no silêncio se ouvia um choro abafado do homem que mais parecia uma criança. Sim. Joaquim Elias chorava. O mestre ainda não sabia porquê. E parecia que nem coragem tinha para lhe perguntar. Foi Joaquim Elias quem a custo, disso:
__ Mestre! Ela morreu... compreende? A carta... esta carta não é dela é de minha mãe e, diz que ela se matou. Que ela se matou, mestre! Mestre leia-a o Senhor e diga-me que é mentira. Digna-me que ela está viva!
__ Vá lá __ diz o homem. Tenta acalmar-te e mostra-me essa carta.
Depois de ler a carta o homem fica comovido, mas tenta disfarçar dizendo:
__ Olha Joaquim, já é tarde vai descansar que amanhã falaremos e coragem meu rapaz... um homem do mar tem de ser forte.
Ao dizer estas palavras o mestre volta costas para não deixar transparecer duas lágrimas rebeldes que teimavam sair dos seus olhos.
Dias depois na pequena "Quinta Elias" chega o carteiro com uma carta endereçada a José Elias.
"Senhor Elias pensei não lhe dar a notícia para não os afligir, mas todavia o caso é grave e eu viria a ser o responsável. Seu filho depois da tragédia ( que ocorreu aí e de que ele teve conhecimento por uma carta que recebeu da sua esposa) foi internado no hospital com uma lesão cerebral. E o pior é que ele não se quer curar. Pelo contrário tem tentado por várias vezes suicidar-se.
Adeus!

António Capinha

O homem depois de ler a carta grita à mulher:
__ Mariana! Mariana!
__ Sim __ respondeu esta com grande espanto e pergunta. __ Que foi que aconteceu homem, para estares a gritar dessa maneira?
__ O nosso filho está no hospital de Sines e nós temos de lá ir imediatamente.
A mulher fica assustada com as palavras do marido, mas não faz perguntas. Ela conhece bem o filho e também sabe o quanto ele amava aquela rapariga. O coração de mãe adivinha o que se está a passar. Leve como uma pena a Senhora D. Mariana corre ao quarto para fazer a mala. E os dois partem para Sines.

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Tenho bom coração, bom carácter, gosto da humanidade em geral, gosto de crianças... diversão: gosto de ler, de escrever, conviver, gostava de ter amigos verdadeiros, como divorciada não gostava de envelhecer sozinha, estou em casa sempre que não trabalho... e gostava de ser mais feliz... encontrar alguém para amar e fugirmos à monotonia.