segunda-feira, 16 de março de 2009

* * *

À noite, deitada na cama, Isabella recorda seu avô: " Isabella o teu pai quer que tu vás para casa dele. Qual é a tua ideia? " A minha ideia, avozinho? A minha ideia é ficar para Sempre na vossa companhia".
Isabella tinha catorze anos e como ela era infeliz ao recordar a sua infância. Tinha ainda tão tenra idade, mas que tanto ela já tinha para contar. Seu pai que nunca lhe deu o mínimo amor. Que nem uma só vez lhe deu um beijo queria agora que ela fosse para sua casa. Seria para lhe dar tudo aquilo que ela já não tinha dos seus avós? Não a sua intenção era outra. Ela ia para sua casa trabalhar como seus irmãos trabalhavam: de manhã à noite debruçados sobre a terra, quer caísse chuva, quer caísse sol, quer caísse frio ou calor. Mas eles eram diferentes era ali a sua casa, a sua mãe e o seu pai, eram uma família perfeita, da qual Isabella não fazia parte. Aquela casa não era a sua casa. Aquela mãe e pai quase não eram seus pais. Seus avós, esses sim, tinham sido os seus pais. Ela nunca os deixou. Não era agora que os ia deixar? Agora que seu avô morreu tinha chegado portanto a hora de recompensar sua avó por tudo aquilo que eles lhe haviam feito. Não a deixaria ao abandono. Ela já trabalhava e podia sobreviver à custa do seu trabalho. Não deixaria a sua avó ao abandono... preferia morrer. A sua avó do coração precisava dela. E ela dar-lhe-ia tudo com todo o amor e, estava agradecida a Deus por cada dia de vida que junto dela iria viver.". __ Pensava Isabella em sobressalto enquanto descansava para mais um dia de trabalho.
Isabella foi desde pequenina dedicada a todos, mesmo aqueles que não lhe queriam bem, por isso tinha muitas amigas. Além do pouco tempo que tinha para conviver nunca lhe faltava nos seus lábios um sorriso. E às crianças? Essas a quem ela sempre tanto amou. Sim as crianças. Isabella sabia a necessidade que a criança tem de amor, pois ela tinha sido criança outrora e que amargas recordações ela tinha dos seus primeiros anos de vida.
__ Isabella! Isabella! Acorda. São horas... Então filha estás cansada? Vá. São horas de te levantares __ dizia-lhe a avó pela manhã de quase todos os dias àquela hora da manhã __ Isabella levanta-te. Vá! São horas...
__ Sim, avozinha. Ah! Mas tenho tanto sono. Que horas são? Eu estava a sonhar. À que horrível! Que grande pesadelo, avozinha.
__ Sim. Vá, então agora levanta-te. Não vais trabalhar às oito horas? A tipografia já tocou o quarto para as oito.
__ Já, avozinha __ e dando um salto da cama, Isabella vai à cozinha para tomar o café com leite. E de outro salto fica pronta. Dá um beijo à avó e sai de casa a correr para a empresa Marques S. Neves & C. Lda. onde trabalha desde a morte de seu avó.
__ Adeus querida até logo.
__ Adeus avozinha até à noite __ já na rua Isabella volta para dizer à avó. __ Avozinha se eu não chegar a casa até às dez horas é porque faço serão até às vinte e quatro horas.
__ Está bem filha! Eu vou esperar-te à aldeia __ tranquiliza a avó.

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Tenho bom coração, bom carácter, gosto da humanidade em geral, gosto de crianças... diversão: gosto de ler, de escrever, conviver, gostava de ter amigos verdadeiros, como divorciada não gostava de envelhecer sozinha, estou em casa sempre que não trabalho... e gostava de ser mais feliz... encontrar alguém para amar e fugirmos à monotonia.