quinta-feira, 19 de março de 2009

* * *

Enquanto o médico está no quarto de Isabella, José da Silva anda de um lado para o outro no meio da casa à espera de saber o estado de saúde da neta. Quando a porta do quarto se abre o homem corre para o médico e pergunta angustiadamente:
__ Senhor doutor é grave o que tem a minha neta?
__ Não. Não é grave, mas a tua neta está espiritualmente muito doente e é preciso muito cuidado com ela. A febre é altíssima, a tensão arterial muito baixa para a sua idade e o coração está muito fraco. É preciso muito cuidado, muito cuidado __ volta o médico a recomendar e acrescenta. __ Aqui tens esta receita segues as descrições que aqui te deixo e se ela piorar vai ao meu consultório quanto antes. Hem! E além dos medicamentos é preciso muito repouso.
__ Sim, Senhor Doutor! Farei como me recomenda, mas o Senhor Doutor ainda não me disso o mal da minha neta? De que sofre ela, Senhor Doutor? __ Pergunta o homem impaciente.
__ A tua neta não tem nada fisicamente. Só sofreu uma depressão nervosa e não quer viver. Falta-lhe o gosto pela vida compreendes?
__ Sim, Senhor Doutor, compreendo. Agora compreendo. Foi por causa do pai. Aquele homem nunca mais sai da minha propriedade. Nunca mais nos deixa em paz.
__ Sim devia ter sido por isso. A tua mulher, a senhora D. Isabel, falou-me do assunto. Só tens uma coisa a fazer, não a deixares ir... ou queres que ela vá?
__ Não, Senhor Doutor, não quero e não irá para casa dos pais. Só se ela quiser ir __ acrescenta o homem com firmeza.
__ Fazes bem, José. Ela agora não pode sair da cama e precisa ter confiança em vocês. Ela precisa de amparo e carinho. Só assim poderá restabelecer-se __ acrescenta o delegado de saúde e prossegue __ Se quiseres que te ajude estou ao teu dispor. Passarei por casa do pai de Isabella e falarei com ele. Se assim o desejares... claro!
__ Está bem Senhor Doutor. Fico muito agradecido pelo seu interesse em ajudar-nos. Obrigado!
Os dois homens despediram-se. O delegado de saúde do concelho, como havia prometido ao avô da doente, passou em casa de João Reis para dizer a este, que a filha estava muito doente e o melhor seria ele esquecer a ideia de a levar consigo.
Enquanto isto José da Silva assim que fica só corre ao quarto da neta para ver, com os seus próprios olhos, o estado de saúde da dela. Isabella tinha os olhos muito abertos pregados na parede e assim continuou como que alheia a tudo em seu redor. O avô diz-lhe baixinho:
__ Isabella como te sentes? Vá lá... olha para mim e diz-me como te sentes. A neta não responde __ o homem olha para a esposa que se encontra sentada aos pés do leito de Isabella e pergunta-lhe sumidamente:
__ Isabel que tem ela que não responde? Oh, meu Deus! A minha neta que tem ela?
__ Não lhe fales porque ela não te ouve. O médico disso que ela vai ficar assim dois ou três dias.
__ Dois ou três dias? Meu Deus __ exclama o homem assustado. Não. Não pode ser?
Ao dizer as últimas palavras o homem sai do quarto seguido pelos olhos da mulher que lhe pergunta:
__ José tens a receita?
__ Sim. Tenho __ responde o homem tristemente.
__ Então vai à farmácia. Isabella precisa dos medicamentos.
__ O homem sem responder à mulher sai do quarto. Corre até à cavalariça. Sela um dos cavalos e sai a galope da quinta.
De regresso traz consigo todos os remédios que o Doutor havia prescrito na receita, os quais são tirados da sacola pela D. Isabel e de seguida digeridos pela doente.

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Tenho bom coração, bom carácter, gosto da humanidade em geral, gosto de crianças... diversão: gosto de ler, de escrever, conviver, gostava de ter amigos verdadeiros, como divorciada não gostava de envelhecer sozinha, estou em casa sempre que não trabalho... e gostava de ser mais feliz... encontrar alguém para amar e fugirmos à monotonia.