terça-feira, 31 de março de 2009

CAPÍTULO VII - A PRECIPITADA IDEIA

Quando a traineira "Bom Caminha" atracou ao cais de Sines o mestre António Capinha saltou logo para terra ao encontro do carteiro que habitualmente levava a correspondência. Este só lhe entregou uma carta, a qual era dirigida a Joaquim Elias.
"Joaquim, como já te mandei dizer nas anteriores cartas, minha madrasta continua doente. O seu mal agrava-se, mas o meu pai não pensa em outra coisa que não seja trabalho. Todas as manhãs levanta-se mal-humorado, grita com tudo e com todos. Não quer que eu vá para o meu emprego, mas que vá trabalhar para a quinta que ele traz de renda. Eu tenho já tanto trabalho na casa e ainda trato do bebé. A minha avó trata da minha madrasta, mas nem sempre cá está em casa.
Joaquim estou tão triste. Sou tão infeliz.! Quem me poderá ajudar? Ninguém. Não tenho ninguém?! Pede a Deus, meu amor, que me ajude e me dê forças para suportar esta cruz. Adeus!"
"Maria José"
Joaquim Elias depois de ler a carta de Maria José fica triste. Sentado à mesa, de cabeça baixa e de rosto caído sobre as mãos, pensa. E de repente tem uma ideia, exclama de si para si: é isso! É isso mesmo. Vou escrever-lhe:
"Maria José, pensei muito depois de ler a tua carta e achei uma solução. Não! Não vou como me pedes... pedir a Deus que te ajude, porque isso não é solução e ainda menos ajuda. Vamos sim pedir a Deus, mas juntos, para que nos abençoe. Portanto ouve o que te digo.
Eu, na quinta-feira da próxima semana espero-te na camioneta das 16h. aqui em Sines. Tu aí informa-te da partida. Até lá fala com a minha mãe, para ela te ajudar. E vem meu amor. Vem ter comigo. Logo de seguida casaremos. Nada receies. Se confias na tua avó diz-lhe. E pede-lhe que cuide da tua madrasta e do bebé. No teu pai, nesse, não penses. Ele arranjará uma solução. Adeus!
"Joaquim"
Minutos depois a carta caía dentro do marco do correio. Teria sorte? A carta chegaria ao seu destino?
O moço caminha para bordo da traineira pensativo. Durante o trabalho não dá uma palavra aos seus companheiros. Todos olham para ele de boca aberta e perguntam de si para si. "Que se estará passando com o Joaquim?!"
O mestre da traineira, homem maduro e muito amigo dos seus amigos, aproxima-se dele e pergunta-lhe:
__ Joaquim, que tens tu meu rapaz? Não me digas que foi a carta que te pôs assim tão triste? Vá lá homem... sorri! E conta cá... a carta que te trouxe hoje o carteiro tinha más notícias?
__ Sim mestre __ disse o rapaz e conta ao mestre tudo o que se está a passar. Este tenta ajudá-lo, dizendo:
__ Joaquim eu faço gosto em ser o teu padrinho do casamento, mas não estejas para aí com essa cara. Tem calma e tentemos arranjar casa para quando a moça chegar estar tudo em ordem. Não penses mais nisso.
__ Mestre o que me preocupa não é ela vir para mim, mas sim se ela não vem e fica para lá a sofrer por causa do pai.
__ Deixa lá rapaz ela virá, mas olha, se te encontra com essa cara fica arrependida __ diz o mestre sorrindo.

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Tenho bom coração, bom carácter, gosto da humanidade em geral, gosto de crianças... diversão: gosto de ler, de escrever, conviver, gostava de ter amigos verdadeiros, como divorciada não gostava de envelhecer sozinha, estou em casa sempre que não trabalho... e gostava de ser mais feliz... encontrar alguém para amar e fugirmos à monotonia.